Carta !
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Em 2001 eu passei 5 meses com Kristen Stewart no set de Quarto do Pânico, na maior parte escondidas em um espaço do tamanho de um closet de Manhattan. Nós conversamos e rimos por horas, compartilhando mistérios espotâneos e descarregando nosso tédio. Aprendi a amar aquela garota. Ela completou 11 anos durante nossas filmagens e no aniversário dela eu organizei uma serenata para ela em um bar mexicano enquanto ela soprou suas velas. Ela relutantemente dançou ao redor de um sombreiro comigo, mas logo correu para se agarrar a um jogo de basquete no departamento eletrônico. Sua mãe e eu assistimos ela pular ao redor depois da bola, vaiando com cada cesta da equipe. “Ela não quer ser atriz quando crescer, quer?” Eu perguntei. Sua mãe suspirou. “Sim… infelizmente.” Nós duas sorrimos e encolhemos os ombros com uma ambivalência que nasceu da experiência. “Você não pode convencê-la a desistir?” Eu tentei. “Oh, eu tentei. Ela ama isso. Ela apenas ama isso.” Mais suspiros. Assistimos ela correndo ao redor da quadra por um tempo, ambas em silêncio, cada uma presa em nossos próprios pensamentos. Eu estava grávida na época e eu me encontrei sonhando com a criança que eu teria em breve. Ela seria como Kristen? Todo aquele lindo talento e destemor… Ela iria pular e emergir e me deixar tão orgulhosa?
Essa é imagem que eu tenho de um momento perfeito. Ela vem até mim como um filme caseiro no formato 8mm vermelhos e azuis super saturados, sem som, apenas um loop arranhado… Há uma pequena garota rodopiando na arrebentação. Ela está cantando no topo de seus pulmões, pulando e girando na água fria, toda salgada, arenosa, cheia de alegria e confiança. Ela está inconsciente da câmera, é claro, no seu próprio mundo. A câmera treme um pouco. Talvez a mãe dela esteja rindo atrás da lente. Poderia uma criança ser mais amada do que nesse momento? Ela é perfeita. Ela é absolutamente perfeita.
Corta para: Hoje… A bela jovem avança sozinha na calçada, de cabeça baixa, mãos desenhadas em punhos. Ela está andando rápido, correndo em torno dos enormes homens com câmeras pretas empurrando em sua boca e seu peito. “Kristen, como você se sente?” “Sorria Kris!” “Hey, hey, você pegou ela?” “Eu peguei ela. Eu peguei ela!” A jovem não chora. Não. Ela não olha para cima. Ela aprendeu. Ela mantém a cabeça baixa, seu semblante baixo, punhos em seus bolsos. Não fale. Não olhe. Não chore.
Minha mãe tinha um ditado que ela compartilhava depois de cada pequena injustiça, cada mágoa, cada momento de sofrimento. “Isso também passará.” Deus, eu odiava essa frase. Ela sempre parecia tão banal e fora de alcance, como se ela estivesse me dizendo que minha dor era irrelevante. Agora isso só parece estranho, mas é estranhamente verdade… Eventualmente tudo isso passa. Os horrores públicos de hoje eventualmente passam. E, sim, você é transformado pelas terríveis consequências do juízo que eles deixaram para trás. Você confia menos. Você calcula seus passos. Você sobrevive. Esperemos que no processo você não perca sua capacidade de jogar os braços para o ar novamente e gire em um abandono selvagem. Esse é o último “dane-se” e – finalmente – o instrumento de sobrevivência mais bonito de todos. Não deixem tirar isso de você.
Jodie Foster defendendo Kristen Stewart em carta. Essa mulher merece o meu respeito.
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